
Rótulos como "parceira/o/e", "amiga/o/e", "amante", ou "fuck buddy" podem parecer palavras práticas para descrever os nossos relacionamentos. Dão-nos uma sensação de estrutura, mas será que realmente capturam toda a riqueza e complexidade das conexões humanas? Ou acabamos por usá-los como uma forma de evitar refletir mais profundamente sobre essas conexões? E, se for o caso, qual será o custo a longo prazo de depender de rótulos para definir a maneira como nos relacionamos? Será possível o design de relacionamentos para além das convenções?
Rótulos: Úteis ou Prejudiciais?
Os rótulos têm várias funções. Ajudam-nos a simplificar situações complexas e a dar sentido ao que está à nossa volta, permitindo-nos categorizar rapidamente as coisas, as pessoas e os relacionamentos, e definir o que esperar de cada um. Por exemplo, chamar alguém de "namorada/o/e" sugere uma conexão íntima e "séria", enquanto "amiga/o/e" sugere uma relação mais descontraída e platónica, mesmo que, na prática, não seja essa a realidade. Embora os rótulos possam dar alguma sensação de segurança, também podem restringir a forma como nos expressamos e nos relacionamos.
Um dos problemas com os rótulos surge quando sentimos que devemos agir de determinada maneira ou quando nos sentimos impedidos de fazer o que realmente queremos, só porque isso não está em conformidade com o comportamento associado a esse rótulo.
Os rótulos trazem consigo um conjunto de expectativas. Se não questionarmos essas expectativas, corremos o risco de moldar os nossos relacionamentos com base no que a sociedade espera, em vez de nas nossas verdadeiras necessidades e desejos.
Design de Relações
Em vez de dependermos de rótulos fixos, que tal abordar os relacionamentos através dos princípios do design? O dicionário define design como "disciplina que tem por objetivo a criação de objetos ou produtos cuja forma se adeque o mais perfeitamente possível à função para que se destinam, conciliando critérios estéticos, técnicos, etc.". Aplicar esse conceito aos relacionamentos significa tratá-los como um processo criativo, moldando cada um para se ajustar às necessidades de todos os envolvidos. O design é sobre resolver problemas e melhorar a qualidade de vida de forma inovadora. Como cada pessoa enfrenta desafios e experiências diferentes, cada relacionamento merece uma abordagem única.
Aqui estão algumas dicas para começares a desenhar os teus relacionamentos:
Questiona as Normas Pré-definidas – A sociedade tenta impor como os relacionamentos devem ser e funcionar. Pergunta-te:
Estou a fazer isto porque realmente quero ou porque é o que se espera de mim? Se a resposta for "porque é o que se espera", dá-te permissão para te libertares das normas tradicionais e procurar aquilo que realmente queres (sempre com respeito e consentimento 😉).
Celebra a Autonomia – Cada pessoa tem necessidades, limites e preferências únicas (e isso é algo que podes descobrir a partir da comunicação!). Reconhece e respeita a individualidade de cada um, dando espaço para que a autonomia de todos prospere.
Abraça a Evolução – As pessoas mudam e as suas necessidades também. O que funcionou ontem pode não funcionar amanhã – e está tudo bem. Mantém a comunicação aberta e adapta-te conforme as circunstâncias mudam. O crescimento e a mudança são naturais, e achar que o relacionamento deve continuar igual com o passar do tempo pode ser irrealista.
Foca-te no Consentimento e no Respeito – Deixa que a comunicação aberta guie as tuas ações. Em vez de partires do princípio, pergunta:
Gostarias que eu fizesse isto?
Estarias interessado/a em fazer isto comigo?
Poderias fazer isto por mim?
Não deixes que os rótulos decidam o que 'deves' fazer – procura entender as particularidades de cada pessoa.
Escolhe Acordos em vez de Regras – As regras são impostas, enquanto os acordos surgem de uma negociação colaborativa. Os acordos oferecem espaço para reflexão, reavaliação, compreensão mútua e respeito. Prioriza decisões conscientes, em vez do tradicional 'porque sim'.
Usa Rótulos de Forma Consciente (ou Não Os Uses de Todo) – Se os rótulos forem úteis para ti ou para quem te rodeia, usa-os de forma intencional. Mas se não acrescentarem valor, sente-te à vontade para os deixar de lado e aproveita a tua conexão pelo que ela é, e não pelo rótulo que tem.
Porquê Criar Relacionamentos à Tua Medida?
Porque quando te libertas do peso dos rótulos, ganhas a liberdade de construir conexões autênticas e em constante evolução, e liberta-te das normas sociais que te limitam. Além disso, essa abordagem vai ajudar-te a desenvolver uma maior autoconsciência, permitindo-te refletir sobre o que realmente valorizas.
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